quinta-feira, 27 de novembro de 2014

[RESENHA] O Herói Perdido

SINOPSE


Depois de salvar o Olimpo do maligno titã Cronos, Percy Jackson e seus amigos trabalharam duro para reconstruir seu mais querido refúgio, o Acampamento Meio-Sangue. É lá que a próxima geração de semideuses terá de se preparar para enfrentar uma nova e aterrorizante profecia. Uma mensagem que pode se referir a qualquer um deles: "Sete meios-sangues responderão ao chamado. Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado. Um juramento a manter com um alento final, E inimigos com armas às Portas da Morte afinal." Os campistas seguirão firmes na inevitável jornada, mas, para sobreviver, precisarão contar com a ajuda de alguns heróis, digamos, um pouco mais experientes — semideuses dos quais todos já ouvimos falar... e muito.

Título: O Herói Perdido; Título Original: The Lost Hero; Série: Os Heróis do Olimpo; Autor: Rick Riordan; Editora: Intrínseca; Páginas: 432; Ano: 2011



O livro O Herói Perdido, de Rick Riordan, é a obra de abertura da série Os Heróis do Olimpo, sucessora do sucesso de vendas Percy Jackson & Os Olimpianos (PJO), do mesmo autor. De início, tem-se uma narrativa envolta de suspense interno e externo no que diz respeito às expectativas do livro. 
Jason acorda no banco de um ônibus no que seria a excursão da Escola da Vida Selvagem onde, disseram, ele estudava. Nesse primeiro capítulo, o leitor fica totalmente desnorteado quanto à busca por respostas. Afinal, onde foram parar os protagonistas de PJO? Que fim se sucedeu a eles? A presença de um protagonista masculino e um "casal" secundário deixa algumas dúvidas no ar, principalmente pelo fato de que Jason está sem sua memória e não se lembra de nada nem ninguém no ônibus.
Logo nos capítulos iniciais temos o bom e velho estilo Riordan de iniciar a trama central de imediato, sem enrolações, sem delongas. Annabeth surge e o leitor se depara com o desesperador, senão cômico, fato de que Percy, o querido Cabeça-de-Alga, está desaparecido. E, se não fosse pela conhecida chegada e adaptação no Acampamento Meio-Sangue, poderia ser dito que o Spin-Off realmente foge dos padrões das estórias do autor.
"Você deveria estar morto." É o que Quíron diz a Jason em sua chegada ao Acampamento Meio-Sangue. É de fato um mistério que assola o protagonista. De acordo com conhecimentos anteriores, a partir dos doze anos de idade, o cheiro de um semideus fica mais forte, atraindo com mais veemência os monstros que, em vantagem contra o despreparo deste, podem acabar matando-o. Sendo assim, é um tanto quanto impossível que um semideus possa ter sobrevivido por 16 anos sem ir para o Acampamento Meio-Sangue, ou seja, sem adquirir nenhum treinamento. Além disso, Jason possui uma aversão à cultura grega proposta, tratando Zeus como Júpiter, e principalmente por ter tatuado em seu braço a sigla S.P.Q.R¹, referente à era do Império Romano.  Tudo isso instigando o leitor ainda mais acerca do passado do garoto e do desaparecido filho de Poseidon, que na mitologia grega era descrito como filho de Zeus, e essa intertextualização surge por alguns pontos, levando a crer que Jason não só pode, como deve ter algum tipo de conexão com Percy.
A nova profecia, da qual se teve conhecimento ao final de PJO é anunciada, e logo se toma a curiosidade acerca dos sete semideuses de quem ela fala. Na trama do livro, Gaia está tentando despertar de seu sono profundo para tomar o controle dos deuses gregos. A principal mentora nessa arriscada missão é Hera, que foi sequestrada e auxilia os semideuses de sua prisão. Para que pudesse prevenir a ascensão da mãe terra, Hera precisou fazer uma troca perigosa. E a verdade por trás dessa troca não é menos que reveladora.
A diferença é muito grande, a começar pela narrativa que se dá em terceira pessoa, onde cada capítulo e narrado com foco em uma personagem diferente, de modo que a conexão com protagonista - e sua narrativa em primeira pessoa divertida e interativa - é quebrada, e se conhece o pouco, mas necessário, de cada personagem. É muito difícil, senão impossível, se adaptar a essa modificação. A leitura que antes era fluída. Como leitor e fã da narrativa, eu costumava ler os livros de PJO em um máximo de cinco horas ininterruptas. Entretanto, levei duas semanas e dois dias para ler O Herói Perdido. Apesar do mistério e da sede por respostas, é um livro que não prende muito.
Sendo as três personagens centrais semideuses, houve uma combinação um tanto quanto peculiar e exploratória no que diz respeito à genealogia divina, sendo cada um deles uma espécie de ovelha negra dentre as proles de seu progenitor divino, o que sem dúvida merece uns pontinhos à mais na avaliação do livro.
Em Percy Jackson & Os Olimpianos, as personagens eram íntegras, era de capacidade de qualquer um descrevê-los em poucos instantes de leitura. Percy era lerdo. Annabeth era esperta. Grover era brincalhão e, bem, sátiro. Já em Heróis do Olimpo tem-se um enigma por trás da construção de qualquer um. De onde vieram, o que são, porque são e o que farão, uma das perguntas que se faz constantemente. E a partir daí observamos crescentemente a construção gradual do caráter de cada um deles, a evolução das personagens de acordo a narrativa se afunila. É uma das principais melhoras.
Voltando à intertextualidade e à didática do livro, há um aproveitamento e um aprofundamento melhor da Mitologia Grega - e também agora Romana -. Mais mitos, mais figuras das mitologias, mais conteúdo agregado. "O Herói Perdido" pode acabar sendo também um divertido professor de História.
Outra melhora interessante foi a volta das Habilidades e Dons Especiais - e raros - dentre os semideuses -. Dons como persuasão, pirocinese e vôo são descobertos, apimentando um pouco os conflitos da história.
O porco faz "oinc". (LISPECTOR, Hedge)
Apesar de tantas melhorias no que diz respeito à série original e uma trama no mínimo curiosa, O Herói Perdido conta com um enredo um tanto quanto maçante, sem vigor. Acontecimentos que estão ali por um motivo que parecem tão aleatórios que permitem que o leitor dê uma pausa para o café... e só volte dia(s) depois.



¹ Senatus Populus Que Romanus, "O Senado e o Povo de Roma"

Um comentário:

  1. Oi Luiz,
    Bem, admito que até hoje não terminei nem Percy Jackson e os Olimpianos, mas por comentários positivos e resenhas como a sua a ansiedade só aumenta. Gosto muito dessa premissa de se misturar a cultura dos deuses romanos com a dos gregos, tão próxima. Só fico incerta sobre essa "vilã" nova, pois não gostei tanto do trabalho de Riordan anteriormente com Cronos.

    Beijos,
    http://misssorrisos.blogspot.com.br/

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