quarta-feira, 28 de maio de 2014

[RESENHA] A Culpa é das Estrelas - John Green


"A Culpa é das Estrelas" narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas. Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.


Título: A Culpa é das Estrelas; Autor: John Green; Editora: Intrínseca; Páginas: 286; Categoria: Ficção Americana.

A Culpa é das Estrelas, vulgarmente chamado pela sigla ACEDE, foi um dos livros mais populares entre os adolescentes entre os anos 2013-2014, tendo atraído uma grande massa de pessoas ao universo da leitura. Bem, talvez essa não seja bem uma resenha de caráter intelectual. Vamos chamar isso de relato pessoal.
Primeiramente, não era um livro que eu compraria. Antes de lê-lo, eu participava de um grupo de leitores no Facebook, onde a cada 10 segundos hiperbólicos alguém falava bem do livro. E, de fato, aquilo me consumia, pois o real ideal do grupo estava se voltando para um único livro. Foi aí que perguntei-me: o que raios há nesse livro que faz tanta gente gostar? 
Assim, busquei saber sobre o que o livro falava - não sou muito fã de sinopses -, e tudo o que me diziam era, basicamente "Ah, é um casal muito fofo, e os dois têm câncer". Assim, eu me tornava indignado por muitos gostarem de um livro assim. E, numa época em que era modinha o fato de quase tudo ter virado modinha, eu sentei-me e disse: Esse livro é uma piada, não passa de mais um romancezinho barato. Os livros do João Verde são puramente uma modinha. Certo, se eu tivesse o livro eu o leria, mas não gastaria dinheiro algum para comprá-lo.
Foi então que me apareceu, minha tão nobre e amada Duda Figueiredo, exibindo seu exemplar azulzinho diante de minhas pupilas (obrigado), e não tive outra alternativa senão pegá-lo para ler. Naquela altura, eu já havia recebido zilhões de spoilers sobre o livro, inclusive sobre o final, mas foi interessante a forma como me esqueci de todos eles. Adaptar-me ao ponto de vista de Hazel Grace não foi algo tão difícil como eu pensava que seria. Hazel é rápida, Hazel é ilária, Hazel vai direto ao ponto. E foi preciso repetir seu nome em três redundantes vezes num mesmo período para dizer que me apaixonei por Hazel, e pela figura que ela representa.
Sobre o primeiro capítulo, Hazel vai costumeiramente à mais uma sessão de seu grupo de apoio, onde poeticamente se opõe à problemática de morte de Augustus Watters que, apesar de estar ali, não possuía mais evidência alguma de câncer (estava apenas acompanhando um frequentador). 
No estacionamento do local de encontro, Hazel e Augustus levam uma conversa casual e tentadoramente engraçada. O rapaz começa a se tornar interessante para a protagonista, até que... não, não vou contar isso, pois pode perder a graça. 
Sim, graça. O que move o livro é literalmente a graça, a comicidade com que as duas personagens centrais (por acompanhadas de seu amigo Isaac) levam o livro a um ritmo acelerado. Cheio de problemáticas, de discussões sobre o verdadeiro significado da vida e sobre ser um peso na vida de outras pessoas. Falam sobre literatura e de coisas muito importantes para a sociedade global, mas que são tão chatas que deixamos de lado. Em A Culpa é das Estrelas tudo se torna, com o perdão de Colin Singleton, extremamente interessante e é impossível  ler o livro arrastando-o.
Com um enredo incrivelmente fantástico, o livro leva o leitor a questionar pequenas coisas da vida às quais não se dá muita importância. É um livro que não deixa pontas soltas, mas sim lições - e, sem dúvidas, encorajamentos. São usadas tantas figuras de linguagem que não saberia citar outra senão a metáfora presente do início ao fim no humor satírico das personagens.
Foi então que, do meio para o final do livro, recebi, novamente, o spoiler de seu desfecho. E aquilo me pegou de surpresa. Continuei lendo, continuei rindo e me perguntando sobre coisas que poderiam acontecer até o presunçoso final do livro, que seria fechado com chave de ouro negro, tentando não me afetar pelo que viria a seguir.
Eu tento, ao máximo, não dar spoilers nas resenhas, mas se alguém - que já estiver lendo a um tempo razoável - juntar os pontos, com certeza irá encontrá-lo no parágrafo a seguir.
Há uma estratégia de (des)preparo emocional próxima ao final do livro que, sem dúvidas, me arrancou muitas lágrimas. Sempre ao estilo poético e engraçado do autor, vários personagens se manifestam aleatoriamente, arrancando choro e risadas do leitor. É então que, no capítulo seguinte, tudo desfaz.
Toda a construção cômica-poética que o autor manteve perfeitamente ao longo de todo livro desmoronou. As palavras sensíveis de John Green já não traziam sensibilidade alguma. Olhar para o livro se tornou um misto de esperança e ódio. Não porque acontecera aquilo para o que ele já nos preparara, mas pela forma totalmente insensível, desinteressante e, perdoe se dessa forma ainda for um palavrão, desgraçada.
Assim, a atmosfera do livro acaba e tudo o que restam são mais alguns capítulos de destrinchamento e pesar, finalizando a obra que na verdade só queria mostrar o sentido da vida. Eu queria, muito, dar cinco estrelas, mas não posso.


Esta resenha está participando do Desafio das Mil Páginas. Status: 364/1000

22 comentários:

  1. Oi Luiz! Nossa, no final da resenha você conseguiu transcrever tudo o que eu não consegui. Foi exatamente dessa forma que eu me senti com relação ao livro. Essa frase ficou perfeita:
    "É então que, no capítulo seguinte, tudo desfaz. Toda a construção cômica-poética que o autor manteve perfeitamente ao longo de todo livro desmoronou. As palavras sensíveis de John Green já não traziam sensibilidade alguma."

    Parabéns pela resenha!

    http://www.entrelinhasdavida.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Heey Naiara, obrigado! É bom saber que mais pessoas compartilham da mesma opinião!

      Excluir
  2. Bom, adorei a sua resenha. Principalmente porque ela nos mostra que "modinha" não é sinônimo de "porcaria". Acredito que se mais livros se tornassem modinha, menos gente ignorante estaria por aí nos dando o desprazer dos seus erros de português.

    Concordo com você em absolutamente tudo. Hazel é incrível. Hazel é cativante. Hazel é Hazel. E quanto mais a gente diz o nome dela, mais a gente se identifica, rs. E sobre o final, tive a mesma sensação. Mas para mim foi ainda pior, pois eu estava totalmente despreparada. De repente, estava acompanhando a narrativa divertidíssima do Green e com um simples virar de página eu já estava chorando de maneira inconformada e dirigindo certos palavrões ao escritor!

    Adorei a resenha!! Parabéns!!

    Thati;
    http://nemteconto.org

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que já saber o que acontecia me fez ficar mais despreparado ao invés de preparado, já que a cada palavra que se passava eu me apegava mais ao passivo do acontecimento. E do nada, BUM, aconteceu - quando eu já estava criando esperanças.
      Obrigado, Thati.
      Beijão. :*

      Excluir
  3. Ótima resenha. Você conseguiu transmitir aquela gota de interesse que faz o leitor sentir vontade de não apenas olhar para capa do livro, mas também abri-lo e mergulhar em cada palavra. E bom, não é o estilo literário que eu gosto, mas ainda sim parece ser um bom livro. É errado julgar algo pelo o que os outros dizem, ainda mais por ser tão popular, então ganham a fama de "modinha", o que faz com que alguns leitores percam o interesse no livro. Mas quem o torna modinha é aquele que escreve coisas superficialmente, aqueles que apontam coisas bobas dos livros, e não o que os textos realmente passam. Sim, existe aquele falso leitor que vive postando sobre os livros e que nem terminaram de ler ou nunca leram. Isso é muito comum. Mas, como eu estava dizendo, sua resenha está perfeita. E é um bom livro. Parabéns.

    http://meninadosolhosdebotao.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Heey Moon! Acredita que nunca tinha visto por esse ângulo? É bem consistente, já que as pessoas começam a fazer esses comentários sem fundamento e enquanto pensam estar tornando-se moda falar mal do livro, o livro está se tornando a "moda". Fascinante! Obrigado por compartilhar. :D

      Excluir
  4. Olá Luiz!
    Sou apaixonada por John Green, mas não acho este um dos melhores livros dele.
    Ele é dono de uma mente brilhante e, graças a Deus, está sendo tão bem valorizado!
    Infelizmente, alguns fãs apenas conhecem esse livro... Não se dedicam tanto assim ao autor :/
    Enfim, adorei a sua resenha! :D
    Beijos,
    Ana M.
    http://addictiononbooks.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu só li dois até agora. O Teorema Katherine e A Culpa é das Estrelas. Demorou um tempão até este primeiro me conquistar. Acho que cheguei a ficar uma semana com a leitura parada. Então, desses dois que li, ACEDE é o melhor. Obrigado. õ/

      Excluir
  5. Olha Luiz, parabéns! Sério, gostei muito da sua resenha! Eu li o livro pela primeira vez logo que ele foi lançado e também peguei birra depois que todo mundo só sabia falar dele, ai resolvi ler de novo antes de ver o filme e toda a birra sumiu hahaha
    Sobre o final, foi realmente brutal mas acho que ele fez dessa forma pra mostrar que realmente na vida real nem tudo são flores, pelo menos foi assim que eu interpretei.

    Beijos
    Débora - Clube das 6
    http://www.clubedas6.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nem tudo na vida são flores, por isso prefiro os livros HAHA. Mas cá entre nós, a maioria desses autores que costumamos gostar são serial-killers que matam a sangue frio!

      Excluir
  6. Como você, eu relutei muito antes de ler o livro, pois muitos falavam muito bem e geralmente não gosto de algo que todos gostam. Então encontrei(em todo o lugar, pois só falam de ACEDE) diversos trechos do livro que eu gostei, na ideia de que as sinopses nem sempre transmitem tudo o que o livro passa(uma das piores sinopses que já li, por acaso), eu fiquei com interesse em lê-lo, consegui ele emprestado com uma amiga, ai eu li, não achei grande coisa, mas não foi de um todo ruim.
    Adorei a resenha, transmitiu muito bem coisas que o livro passou e deu uma ótima imagem do livro, dá até vontade de relê-lo por causa da sua resenha *risos*.
    Porém, confesso que ri muito no livro e não achei triste, só que como todos os finais de Green, são secos.

    Blog Ligação Literária ♫

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem razão. Os finais dele são secos, pelo menos nos dois de seus livros que li até agora. Ele cria um verdadeiro "conto de fadas" e nos joga um balde de água fria no final... Pera, então são finais molhados -q

      Excluir
  7. Eu também sempre lia em grupos literários sobre este livro, achava que sabia quase tudo do livro e que não fazia mais sentido ler por já saber do final. Me interessei de fato por este livro depois de ler Quem é Você, Alasca? do mesmo autor, me apaixonei pelo Green e já que todo mundo dizia que ACEDE é o melhor livro dele resolvi dar uma chance. Ainda prefiro Quem é Você, Alasca? Mas gostei de ACEDE, não acho o melhor livro do mundo como dizem por aí, mas é uma boa leitura.
    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu realmente esqueci todos os spoilers quando comecei a ler. E li porque no fundo eu tinha uma pontada de curiosidade para saber como era. Odeio estar por fora desses livros legais.

      Excluir
  8. Eu esperava muito mais desse livro. Sabe quando você dá uma de Sherlock Holmes e já sabe o final do livro, quando ele está apenas no começo? Foi isso que aconteceu comigo. De alguma forma eu sabia o que ia acontecer, e quando chegou no final foi exatamente como pensei. Pode ser uma gracinha,bonitinho e tal mas, eu esperava muito mais.
    Você escreve muito bem e sua resenha ficou uma belezura! Parabéns!

    Formula-amor.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Apagaram minha publicação no grupo. Mas já estou seguindo!

      Excluir
    2. Sei. Sei bem como é isso pois aconteceu comigo em Cidade dos Ossos. Mas acho que a autora deixou meio óbvia a ligação entre X e Y, então não posso me culpar tanto. Haha. Obrigado!

      Excluir
  9. Concordo com muitos ai em cima, não considero o melhor livro do mundo, é bom, não o melhor, li sabendo muita coisa a respeito do livro, talvez tenha sido isso, ou não. Gostei da resenha. Parabéns!
    http://www.marcasliterarias.blogspot.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu sabia muuuita coisa mesmo sobre o livro antes de começar a ler. Mas então comecei e, puft! esqueci de tudo (obrigado, Filipe, por me relembrar que acontece aquela coisa com aquela pessoa).
      Valeu!!

      Excluir
  10. Oi Luiz
    Bom, o que posso dizer é uau, tu conseguiu capitar muito bem o que o John Green quis transmitir.
    Antes de ler, também tive inúmeros spoilers, que no decorrer da leitura, não fez diferença para mim. Senti raiva, dei risada e chorei e muito com Hazel e Gus. <3
    Amei sua resenha. Parabéns <3

    Beijos
    http://www.sacudindoaspalavras.com.br/

    ResponderExcluir
  11. Acho que já saber o que acontecia me fez ficar mais despreparado ao invés de preparado, já que a cada palavra que se passava eu me apegava mais ao passivo do acontecimento. E do nada, BUM, aconteceu - quando eu já estava criando esperanças.
    Obrigado, Thati.
    Beijão. :*

    ResponderExcluir